ISSN: 2313-2868
Rev.peru.cienc.act.fis.deporte
Características antropométricas y aptitud aeróbica de los atletas ciegos de fútbol 5

Antropometric characteristics and aerobic fitness of blind athletes of 5-a-side football


Glauber Lameira Oliveira 1,2,3, Talita Adão Perini Oliveira 1,2,3, Fausto Maioli Penello1, José Fernandes Filho 2,3.

 

1Instituto Benjamin Constant (IBC), Rio de Janeiro, Brasil.

2Pesquisador do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), São Paulo, Brasil.

3Universidade Federal de Rio de Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, Brasil.


Resumen

Objetivo: El objetivo de este estudio fue describir las características antropométricas y la aptitud aeróbica de futbolistas ciegos de fútbol 5

Metodología: Cinco atletas varones brasileños ciegos (32.6 ± 8.0 años) de un equipo de nivel nacional participaron en esta investigación. Los atletas se sometieron a una evaluación antropométrica para obtener las siguientes medidas: grosor del pliegue de la piel, perímetros corporales, diámetros óseos, altura y masa corporal. A partir de estas mediciones, se calcularon los parámetros: porcentaje de grasa corporal, porcentaje de masa magra, porcentaje de peso óseo, Σ de los 9 pliegues de la piel e índice de masa corporal. Para la evaluación de la aptitud aeróbica, se eligió la prueba de carrera Shuttle de 20 m, utilizando la ecuación VO2máx. = - 24.4 + 6.0 x V, para estimar el VO2máximo en adultos.

Resultado: Las características antropométricas descritas para los atletas eran compatibles con las especificidades de la modalidad y el nivel de élite. Sin embargo, los valores promedio de VO2 máx. (36.3 ± 4.7 ml.-1 Kg. -1min.) están por debajo de los presentados por atletas de élite de la modalidad, lo que sugiere la necesidad de un mayor entrenamiento aeróbico para un mejor rendimiento en respuestas a requisitos funcionales, motores, técnicos y tácticos en juego, consistentes con un alto rendimiento.

Conclusión: El conocimiento de las condiciones físicas y funcionales de estos futbolistas ciegos de fútbol 5 puede contribuir a la orientación y el seguimiento del entrenamiento, optimizando el rendimiento deportivo.

 

Palabras-clave: Discapacidad visual; deporte paralímpico; Antropometria; capacidad aeróbica, VO2máx .

 

 

Abstract

 

Objective : The aim of this study was to describe the anthropometric characteristics and aerobic fitness of blind athletes of 5-a-side football.

Methods : Five blind Brazilian male athletes (32.6 ± 8.0 years) from a national level team participated in this research. The athletes underwent an anthropometric evaluation to obtain the following measurements: skinfold thickness, body perimeters, bone diameters, height and body mass. From these measures, the parameters were calculated: body fat percentage, lean mass percentage, bone weight percentage, Σ of the 9 skin folds and body mass index. For the assessment of aerobic fitness, the 20m Shuttle run test was chosen, using the equation VO2max. = - 24.4 + 6.0 x V, to estimate the maximum VO2 in adults.

Results: The anthropometric characteristics described for the athletes were compatible with the specificities of the modality and elite level. However, the average values of VO2max (36.3 ± 4.7 ml.-1 Kg.-1min.) are below those presented by elite athletes of the modality, suggesting the need for greater aerobic training for better performance in responses to functional, motor, technical and tactical requirements at stake, consistent with high performance.

Conclusion: The knowledge of the physical and functional conditions of these blind athletes of 5-a-side football may contribute to guidance and monitoring of training, optimizing sports performance.

 

Keywords: Visual impairment; Paralympic sport; Anthropometry; Aerobic capacity, VO2max..

















Recibido: 29-05-2020

Aceptado: 10-06-2020

 

 

Correspondencia:

 

Glauber Lameira Oliveira:

 

E-mail: [email protected]

 



Introdução

 

No esporte de alto rendimento, tem sido constante a busca por indicadores que permitam determinar as potencialidades morfofuncionais de atletas de diferentes modalidades de modo a aperfeiçoar seu treinamento 1,2, tendo em vista um melhor desempenho nas competições.

O VO2 máx., reconhecido como um importante indicador do potencial aeróbico de um atleta, é definido como a quantidade máxima de oxigênio que o organismo consegue captar e utilizar para a produção de energia quando submetido a um exercício de alta intensidade, refletindo a integração entre os sistema cardiovascular, respiratório e muscular 3. Seus valores podem ser obtidos por meio de métodos diretos, nos quais são necessários o uso equipamentos específicos, e/ou indiretos, por meio de testes específicos, como o Shuttle run de 20m, a partir de equações de estimativa.

No futebol de 5, modalidade paralímpica de caráter intermitente, caracterizada por uma constante variação nos deslocamentos com alternância entre períodos de alta intensidade e de intervalo de curta duração 4, o VO2 máx. pode ser determinante na capacidade de recuperar energia entre os movimentos repetidos, de trocas de direção e frequentes arrancadas, próprios da modalidade.

O consumo de oxigênio varia de acordo com o tipo de modalidade esportiva, sua intensidade e exigências energéticas 5. Mesmo em esportes de força e velocidade, como o futebol de 5, a capacidade do atleta para realizar exercícios intensos de média duração para realização de corridas curtas associadas à grande velocidade de reação, depende do metabolismo aeróbico6, o que pode ser determinante durante o jogo.

A caracterização da composição corporal a partir do método antropométrico se apresenta como outro indicador importante para o esporte, pois permite a identificação do perfil morfológico específico de um atleta para certa modalidade, que igualmente pode ser determinante na planificação do treinamento e monitoramento das alterações físicas ao longo de uma temporada esportiva 7. A condição morfológica de um atleta considerando sua estrutura física, atrelada a outros fatores como habilidades técnico-táticas, condição psicológica, afetiva e nutricional, além de outros, podem ser fundamentais para o êxito esportivo em determinada modalidade 8.

Estudar a antropometria e a aptidão aeróbica de atletas de futebol de 5 é importante para oferecer conhecimentos e subsídios aos técnicos, preparadores físicos, nutricionistas e equipe técnica em geral acerca das condições morfológicas e funcionais dos atletas de modo a contribuir com um treinamento eficiente para o êxito de atletas desta modalidade paralímpica no alto rendimento esportivo. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi de descrever as características antropométricas e aptidão aeróbica de atletas cegos de futebol de 5.

 

Metodologia

 

Sujeitos

O tipo de estudo contemplou um desenho experimental, descritivo, transversal, com enfoque quantitativo, do qual participaram 5 atletas cegos (32,6±8,0 anos) do sexo masculino, oriundos de uma equipe brasileira de futebol de 5 de nível nacional, sendo todos federados à Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV) e classificados funcionalmente como cegos B1 segundo classificação do Comitê Paralímpico Internacional 9, os quais possuem percepção luminosa sem a possibilidade de identificação de objeto.

No momento da coleta os atletas encontravam-se no período preparatório geral, sendo submetidos a um treinamento com uma frequência de 5 vezes por semana, totalizando 10h de treino semanal.

O estudo contou com a anuência da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV). A participação dos atletas foi de caráter voluntário e condicionada à assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), após esclarecimentos sobre os procedimentos de coleta e a leitura do TCLE.  Este estudo foi realizado conforme as normas éticas que tem em seu princípio as recomendações expostas na Declaração de Helsinki para pesquisas com seres humanos e foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CEP-HUCFF-UFRJ), obtendo-se o parecer de aprovação de nº 1.707.380.

 

Protocolos e Equipamentos

Previamente à realização da coleta os atletas foram orientados sobre as etapas e os procedimentos dos testes e avaliações.

 

Avaliação antropométrica

Os atletas foram submetidos a uma avaliação antropométrica, adotando-se a padronização proposta por Fernandes Filho 10, sendo realizadas as medidas: 1. Espessura de dobras cutâneas (mm) (Adipômetro Cescorf; 0,1mm-Brasil): bíceps, tríceps, peitoral, média-axilar, abdominal, supra-ilíaca, subescapular, coxa e perna medial; 2. Diâmetros ósseos-(cm) (paquímetro Cardiomed; 0,1cm-Brasil): biestilóide (punho), biepicondiliano de úmero (cotovelo) e biepicondiliano de fêmur (joelho); 3. Perímetros corporais (cm) (fita metálica flexível Sanny Medical; 0,1cm-Brasil): cintura, quadril, coxa, perna, braço relaxado e braço contraído; 4. Massa Corporal – MC-(kg) (Balança eletrônica Shoenle; 0,1kg-Estados Unidos) e, 5. Estatura (cm) - (Estadiômetro Shoenle, 0,1cm-Estados Unidos). Estas medidas foram utilizadas para o cálculo dos seguintes parâmetros: 1. Índice de Massa Corporal (IMC; kg/m2); 2. Percentual de Gordura Corporal (%GC; %); 3. Somatório de 9 Dobras Cutâneas (S 9DC; mm); 4.  Percentual de massa magra (%MM; %) e, 5. Percentual de massa óssea (%MO; %). Para determinação do percentual de gordura optou-se pela equação de Siri 11 a partir da equação da estimativa da densidade corporal de Jackson e Pollock 12 . Utilizou-se a equação de Von Doblen modificada por Rocha.13 para estimativa de massa óssea, sendo MO= 3.02(Estatura2 X Diâmetro biestilóide X Diâmtero biepicondiliano de fêmur X 400) 0.712. 

Todas as medidas foram realizadas por profissionais do LABIMH-UFRJ que possuíam o Erro Técnico de Medidas (ETM) intra-avaliador e interavaliador aceitáveis de até 5% 14, garantindo-se a confiabilidade e fidedignidade das medidas.

 

Estimativa do VO2máx.

Aplicou-se o teste Shuttle run de 20m, validado por Duarte & Duarte 15, para avaliação da capacidade aeróbica a partir da estimativa de VO2 máximo dos atletas. Precedendo a realização do teste, considerando a especificidade do grupo, os atletas foram orientados sobre a disposição das demarcações das linhas limitadoras da distancia de 20 metros, sem necessariamente haver treinamento ou aquecimento. O teste foi realizado em uma quadra de futsal (40m x 20m) com deslocamentos de vai e vem em um percurso de 20 metros com velocidade inicial de 8,0 Km/h e aumento crescente de 0,5 Km/h a cada 1 minuto, de acordo com os procedimentos descritos por Léger et al.16. Em função de o grupo avaliado ser constituído por atletas com deficiência visual, foram feitas adaptações no protocolo do teste como recomendado por Gorla et al.17, incluindo-se dois chamadores para se posicionarem um em cada extremidade do teste, de modo a orientar a corrida de cada atleta conforme disposto no protocolo, além de motivá-los.

A velocidade (V) obtida (km/h) no último estágio do teste foi utilizada para estimativa do VO2 máx. (ml.-1 Kg.-1min.) por meio da equação de Léger et al. 16 (VO2 máx.= - 24,4 + 6,0 x V) proposta para adultos. Para garantir a fidedignidade da coleta, os testes foram realizados por avaliadores experientes do Laboratório de Biociências do Movimento Humano da Universidade Federal do Rio de Janeiro (LABIMH-UFRJ).

 

Análise Estatística

A análise estatística descritiva dos dados foi realizada por meio da média, percentual e medidas de dispersão (mínimo, máximo e desvio padrão) utilizando-se o programa Prism Stat 5.0. (Graphpad, San Diego, CA, USA). 

 

Resultados

A Tabela 1 apresenta os resultados das características antropométricas e composição corporal de atletas cegos de futebol de 5, participantes desta pesquisa. Os valores são expressos em média, mínimo, máximo, desvio padrão e percentual.

 


 

Tabela 1. Características antropométricas e composição corporal de atletas de Futebol de 5.

Variáveis Mínimo Média ± DP Máximo
MC (Kg) 60 70,9±10,5 83
Estatura (cm) 162 169±7,7 182
IMC (kg/m2) 18,1 25,1±5,4 31,6
%GC (%) 14 20,4±5,1 25,6
∑ 9 DC (mm) 61,4 119,4±5 180,2
% MM (%) 37 39,5±3,5 41,7
% MO (%) 12,4 16,1±0,9 20,4

Legenda: MC= massa corporal; IMC= Índice de massa corporal; %GC= percentual de gordura corporal; ∑9DC= somatório das nove dobras cutâneas, %MM= percentual de massa magra; %MO= percentual de massa óssea.


A Tabela 2 apresenta os valores de cada umas das variáveis antropométricas relacionadas aos diâmetros ósseos, perímetros corporais e dobras cutâneas dos atletas participantes desta pesquisa, expressos em média, mínimo, máximo e desvio padrão.

A Tabela 3 dispõe os valores estimados de VO2 máx.(ml.-1Kg.-1 min.) obtidos por meio do teste Shuttle run  de 20m pelos atletas participantes desta pesquisa. Os valores são expressos em média, mínimo, máximo, desvio padrão e percentual.

 

Discussão

Os valores médios obtidos para as variáveis antropométricas e de composição corporal apresentados pelos atletas cegos de futebol de 5 participantes deste estudo vão ao encontro dos apresentados por Campos et al. 18,19,20, Gorla et al. 21 e Oliveira et al.22 em seus estudos realizados com atletas da seleção brasileira desta modalidade, das temporadas compreendidas entre o período de 2013 e 2016, sugerindo características morfológicas semelhantes. Para o percentual de gordura corporal, no entanto, os atletas do presente estudo apresentaram valor médio superior (%G= 20,4) aos encontrados pelas equipes brasileiras de elite, as quais obtiveram valores médios compreendidos entre 10,7% e 16,84% e abaixo dos observados para seleção chilena de 25,8% 23.

Estes achados podem estar relacionados, dentre outros fatores, ao efeito resultante do maior volume de treinamento sobre redução da gordura corporal 24 entre os atletas pertencentes às seleções brasileiras de diferentes temporadas, os quais tendem a apresentar um perfil Gold Stand a nível mundial, haja vista que ao longo dessas temporadas foram 4 vezes campeões em paralimpíadas.


Tabela 2.   Perfil das variáveis antropométricas de atletas cegos de futebol de 5

Variáveis Mínimo Média ± DP Máximo
Diâmetros Ósseos
PNH 5,1 5,66±0,66 6,8
CTV 6,7 6,98±0,36 7,6
JOE 9,3 9,68±0,31 10
Perímetros Corporais
CTR 54 80,16±17,45 98
QDR 88,9 96,28±5,01 103
CXA 51 56,10±4,35 60,2
PNA 33,2 36,40±2,34 38,7
BRR 26 29,92±2,43 32
BRC 27,5 31,96±2,94 35,1
Dobras Cutâneas
PTL 5 13,90±8,83 25,4
TRI 6,1 10,86±2,77 13,3
BCP 3,3 5,86±2,54 9,7
MEA 4,9 8,42±3,79 14,5
SBE 8 16,58±9,04 26,5
SPI 9,3 12,00±3,78 18
CXA 6,8 14,22±5,47 21
PNA 6,5 12,50±5,51 18,3
ABD 10 25,14±12,79 38,7

Legenda: PNH= punho; CTV= cotovelo; JOE= joelho; CTR= cintura; QDR= quadril; CXA= coxa; PNA= perna; BRR= braço relaxado; BRC= braço contraído; PTL= peitoral; TRI= tríceps; BCP= bíceps; MEA= média axilar; SBE= subescapular; SPI= supra ilíaca; ABD= abdômen. Valores de dobras cutâneas expressos em milímetros (mm); Valores de perímetros expressos em centímetros (cm); Valores de diâmetros expressos em centímetros (cm). Máx.= máximo; Min.=mínimo; Dp= Desvio padrão


Ressalta-se, no entanto, que os atletas participantes deste estudo, embora de nível nacional, apresentaram valor médio para esta variável compreendido entre duas equipes de elites nacionais, de 10,7% (brasileira) e 25,8% (chilena) demonstrando similaridade entre características físicas de elite mundial. 

Os resultados das variáveis antropométricas, quanto aos valores médios de cada uma das nove dobras cutâneas apresentadas pelos atletas deste estudo, mostraram-se dentro daqueles encontrados por Gorla et al. 17 em única pesquisa com enfoque na descrição das variáveis antropométricas e de composição corporal de atletas representantes da seleção nacional brasileira das temporadas de 2009 a 2011,  ratificando os achados de que os atletas participantes desta pesquisa possuem características antropométricas e de composição corporal de acordo com o esperado para o alto rendimento. 

Para Gutiérrez-Leyton et al.1 a condição física ótima de um atleta tem se apresentado como um dos marcadores do alto rendimento de modo que este atenda satisfatoriamente às especificidades da modalidade, o que é proporcionado não somente por sua condição morfológica, técnica e tática,  mas também pela funcional.


Tabela 3.  Aptidão física de atletas cegos de futebol de 5 pela estimativa de VO2 máx. (ml.-1 Kg.-1 min.) obtidos por meio do teste Shutlle run de 20m.

Variáveis Mínimo Média ± DP Máximo
VO2(ml.-1 Kg -1 min.) 33,6 36,3±4,7 37,2
Voltas (n) 36 44±4,7 47
Tempo gasto (seg) 278 333,5±32,1 352
Velocidade (km/h) 10,5 10,8±0,2 11

Legenda: DP= desvio padrão; n= número de voltas; seg = segundos.


A aptidão aeróbica obtida a partir do VO2 máx. médio do grupo participante desta pesquisa de 36,3 ml.-1 Kg.-1 min., demonstra que estes atletas apresentam-se abaixo dos índices encontrados em um estudo prévio para atletas brasileiros de elite desta modalidade, os quais oscilaram entre 44,7 ml.-1Kg.-1 min. e 50,3 ml.-1Kg.-1 min., igualmente avaliados por meio do teste de Shuttle run 18. Os valores superiores encontrados por Campos et al.18 que indicam melhor condicionamento para estes atletas podem estar relacionados ao treinamento desta equipe, uma vez que o principal fator de variação para aumento no VO2 máx. é a intensidade do treinamento entre 80 a 90% do VO2 máx. 25.

No futebol de 5, modalidade com constantes ações motoras, esforços de alta intensidade e curta duração com pausas entre eles 26, o treinamento de resistência aeróbica e sua importância manifesta-se de forma indireta, pois o aumento no nível de possibilidades aeróbicas do organismo promove a base funcional necessária nos processos de recuperação entre as ações motoras específicas em jogo, além de garantir as premissas funcionais para a eficiência  do trabalho específico da modalidade 27.

Um elevado VO2 máx. possibilita ao atleta de futebol de 5 retardar ao máximo a fadiga muscular ao realizar as ações motoras próprias da modalidade as quais incluem, além da velocidade, a força muscular para realizar variados deslocamentos, paradas bruscas e  repentinas, acelerações e desacelerações, saídas rápidas e trocas de direção em alta  velocidade atreladas aos gestos técnicos(passe, drible, chute, deslocamento com e sem bola, recepção e tiros), além de acelerar a recuperação entre esses esforços durante a partida 28.

O conhecimento das características antropométricas, de composição corporal e nível de aptidão física pela estimativa de VO2 máx. obtidos pelos atletas de futebol de 5 participantes deste estudo permitem desenvolver programas de treinamento mais específicos segundo o perfil identificado, o qual difere entre diferentes modalidades em função das demandas de jogo e nível de rendimento de cada uma delas.

O estudo verificou que o teste Shuttle run de 20m, por dispor de parâmetros com ações motoras próximas da realidade do futebol de 5 como a distância do deslocamento e a mudança de direção, e adaptado para o atleta com deficiência visual, se apresentou como um teste válido e de fácil aplicação para avaliação da capacidade aeróbica de atletas desta modalidade paralímpica.

Esta pesquisa apresenta como limitação o reduzido número de sujeitos que compõem a equipe de atletas participantes, além da escassez de trabalhos realizados com atletas de futebol de 5 com enfoque simultâneo nas duas variáveis avaliadas, limitando-se, em sua maioria, à análise de uma delas, como apresentado na Tabela 4 a seguir.


Tabela 4.  Estudos com enfoque na antropometria e/ou aptidão aeróbica de atletas de Futebol de 5.

N Autores %GC(%) VO2max. (ml.-1Kg.-1 min.)
1. Presente Estudo 0,204 36,3 ml.-1Kg.-1 min
2. Campos et al., 2013 0,168 44,7 ml.-1Kg.-1 min
3. Campos et al., 2014 0,113 51,9 ml.-1Kg.-1 min
4. Campos et al., 2015 0,136 -------
5. Durán-Agüero et al., 2016 0,258 -------
6. Gorla et al., 2017 0,123 -------
7. Oliveira et al., 2018 0,159 -------

Sugerimos que outros estudos sejam desenvolvidos, avaliando as potencialidades morfológicas e aeróbica em atletas de futebol de 5, considerando as funções técnico-tática desempenhadas pelos atletas em jogo, de modo a contribuir para a orientação esportiva de forma mais individualizada por posições em jogo para especialização e otimização do treinamento.

As características antropométricas descritas pelos atletas de futebol de 5 participantes deste estudo apresentaram-se compatíveis com as especificidades da modalidade e nível de elite. Contudo, os valores de VO2 máx. Encontram-se abaixo dos encontrados na literatura para atletas de elite desta modalidade, indicando a necessidade de maior treinamento aeróbico para melhor desempenho nas respostas às exigências funcionais, motoras, técnicas e táticas em jogo, condizentes com o alto rendimento.


Referências

 

1. Gutiérrez-Leyton L, Zavala-Crichton J, Fuentes-Toledo C, Yañez-Sepúlveda R. Caractarísticas antropométricas y somatotipo em selecionados chilenos de remo. Int. J. Morphol. 2020; 38(1): 114-119.

2. Espinoza-Navarro O, Lizana PA, Gómez-Bruton A, Brito-Hernández L, Lagos-Olivos C. Anthropometric characteristics, body composition and somatotype of elite Pan-American race walking 20K. Int. J. Morphol. 2019; 37(4):1220- 1225.

3. Evans HJ, Ferrar KE, Smith AE. A systematic review of methods to predict maximal oxygen uptake from submaximal, open circuit spirometry in healthy adults. J Sci Med Sport. 2015; 18:1838.

4. Souza RP, Alves JMVM, Gorla JI, Novaes G, Cabral SIC, Neves EB, Nogueira CD. Characterization of the intensity of blind athletes from the Brazilian Football 5-a-side national team. J. Health Biol Sci.2016; 4(4):218-226.

5. Gjestvang C, Stensrud T, Haakstad LAH. How is rating of perceived capacity related to VO2max and what is VO2max at onset of training?. BMJ Open Sport Exerc Med.2017; 3: e000232.

6. Denadai BS. Consumo máximo de oxigênio: fatores determinantes e limitantes. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde. 1995; 1(1): 85-94.

7. Cavedon V, Zancanaro C, Milanese C. Anthropometry, Body Composition, and Performance in Sport-Specific Field Test in Female Wheelchair Basketball Players. Front. Physiol. 2018, 9:568, Doi: 10.3389/fphys.2018.00568

8. Flueck JL. Body Composition in Swiss Elite Wheelchair Athletes. Front. Nutr. 7:1, 2020.

9. International Paralympic Commitee. Classification Code and International Standards. Bonn: IPC; 2007.

10. Fernandes Filho J. A Prática da Avaliação Física. Rio de Janeiro: Shape, 2003.

11. Siri WE. Body composition from fluids spaces and density: analyses of methods. In: Techniques for measuring body composition, Washington, DC: National Academy of Science and Natural Resource Council, 1961.

12. Jackson AS, Pollock ML. Generalized equations for predicting body density of men. Br J Nutr.1978; 40:497-504.

13. Rocha, ML. Peso ósseo do brasileiro de ambos os sexos de 17 a 25 anos. Arquivos de anatomia e antropologia.1975:1(1): 444-451.

14. Perini TA, Oliveira GL, Ornellas JS, Oliveira FP. Cálculo do erro técnico de medição em antropometria. Rev Bras Med Esporte. 2005; 11(1): 81-90.

15. Duarte MFS, Duarte CR. Validade do teste aeróbico de corrida de vai-e-vem de 20 metros, Rev. Bras. Ciên. e Mov. 2001; 9 (3): 07-14.

16. Léger LA, Mercier D, Gadoury C, Lambert J. The multistage 20-meter shuttle run test for aerobic fitness. Journal of Sports Sciences. 1988; 6:93- 101.

17. Gorla JI, Silva AAC, Campos LFC, Costa e Silva AA. Avaliação no futebol de 5. In: Souza RP, Campos LF, Gorla JI. Futebol de 5: Fundamentos e Diretrizes. São Paulo: Editora Atheneu, 2014.

18.  Campos LFCC, Silva AAC, Santos LGTF, Costa LT.; Montangner PC.; Borin JP; Araújo PF.; Gorla JI Effects of training in physical fitness and body composition of Brazilian 5-a-side football team. Rev. Andal. Med. Deporte.2013; 6(3):91-95.

19. Campos LFCC, Borin JP, Nightingale T, Silva AACF, Araujo PF, Gorla JI. Alterations of Cardiorespiratory and Motor Profile of paralympic 5-a-side Football Athletes during 14- Week In- season Training. Int J Sports Sci. 2014; 4 (6A):85-90.

20. Campos LFCC, Borin JP, Santos LGTF, Souza TMF, Paranhos VMS, Tanhoffer RA, et al. Evaluación isocinética en los atletas de la selección Brasileña de fútbol de 5. Rev Bras Med Esporte. 2015; 21(3):220-3.

21. Gorla JI, Silva AAC, Campos LFCC, Santos CF, Almeida JJG, Duarte E, Queiroga MR. Composição corporal e perfil somatotípico de atletas da seleção brasileira de futebol de 5. Rev. Bras. Cienc. Esporte. 2017; 39 (1):79-84

22. Oliveira GL, Gonçalves PSP, Oliveira TAP, Valentim-Silva JR, Fernandes PR,  Fernandes Filho J. Composição corporal e somatotipo de atletas da seleção brasileira de futebol de 5: equipe paralímpica Rio 2016. Rev Fac Med.; 2018; (66):25-29.Doi: 10.15446/.v66n1.61069.

23. Durán-Agüero S, Valdés-Badilla P, Varas-Standen C, Arroyo-Jofre P, Herrera-Valenzuela T. Perfil antropométrico de deportistas paralímpicos de élite chilenos. Rev Esp Nutr Hum Diet. 2016; 20(4): 307-315.

24. Guo J, Lou Y, Zhang X, Song Y. Effect of aerobic exercise training on cardiometaboliic  risk factors among professional athletes in the heaviest-weigth class. Diabetol. Metab. Syndr.2015; 7:78.

25. McArdle W,  Katch I, Katch L. Fisiologia do Exercício. Energia, Nutrição e Desempenho Humano. 7ª Edição. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2011.

26. Souza RP, Alves JMVM, Gorla JI, Novaes G, Cabral SIC, Neves EB, Nogueira CD. Characterization of the intensity of blind athetes from the Brazilian Football 5-a-side national team. J. Health Biol Sci. 2016; 4(4):218-226.

27. Gomes AC. Treinamento desportivo: estruturação e periodização. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009.

28. Stone NM, Kilding AE. Aerobic Conditioning for Team Sport Athletes. Sports Med. 2009; 39, 615–642.

 

 

Agradecimentos: Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Visuais (CBDV) e Urece Esporte e Cultura.

 

Conflito De Interesses: Não há

 

Financiamento: Não há.